sexta-feira, 23 de outubro de 2015

PORQUE EXIGIMOS, PORQUE MERECEMOS

Exmo. Senhor (futuro) Ministro da Saúde, - sim, no masculino, porque é mais fácil um homem medíocre aceder ao poder, do que uma mulher medíocre (a expressão não é minha, lia algures), permita-me que me dirija a V. Exa. para lhe pedir, literalmente, que quando assumir o cargo, trate da saúde dos portugueses.
Saiba V. Exa., que já não vou para nova, e se há coisas que já não me afectam, outras há que me deixam os cabelos em pé, e nessas alturas tenho vergonha do meu país, e isso é um sentimento terrível de se ter.
Deixe-me incomodá-lo com uma situação ocorrida com um familiar meu de 73 anos, que, devido a sentir fortes dores de pescoço e de cabeça, vai para algum tempo e estando esta semana com febre, se dirigiu ao centro de saúde da sua área de residência, onde o informaram que só teria consulta para Dezembro. 
Como no dia de ontem se sentiu pior, foi a uma consulta no Serviço de Atendimento Permanente (SAP), na sede do seu concelho, tendo que se deslocar de transportes públicos, uma vez, que não conduz e os familiares directos estavam a trabalhar. Depois de ser aí consultado, entendeu o médico que este meu familiar teria de realizar uma TAC, e para tal chamou uma ambulância para o transportar para o Hospital de Leiria, onde chegou eram 16:15h. Sabe a que horas foi este paciente atendido por um médico? Eram quase 21:00h. Sabe a que horas lhe fizeram os exames médicos? Perto da meia noite. Sabe a que horas, ele pediu a uma pessoa de família para o ir buscar? Eram 04:30h. Sabe a que horas chegou a casa? Perto das 05:30h. Sabe a que horas essa pessoa que o foi buscar, tem de se levantar para ir trabalhar? Às 07:00h.
Sabe quantos anos trabalhou e pagou impostos, este meu familiar de 73 anos? Cinquenta e muitos, Senhor (futuro) Ministro da Saúde. Sabe quanto aufere de reforma, ao fim de todos estes anos? Pois nem lhe digo, que me sinto envergonhada com o valor, que este meu país democrático paga ao meu familiar e a tantos outros, que começaram a trabalhar como operários, finda a instrução primária.
O Estado está falido? Garanto-lhe (e V. Exa. o saberá) que a culpa não foi destas pessoas, que no caso concreto do meu familiar, nunca viveu acima das suas possibilidades e toda a vida trabalhou honestamente, para que na velhice o tratem desta maneira, esperar DOZE HORAS, num hospital para ser tratado como merece, (se é que foi!).


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