sexta-feira, 29 de abril de 2016

CONFISSÕES DE MÃE

Quando vejo bebés a minha reacção imediata é pegar neles, dar beijinhos, (se os pais o permitirem) falar com eles em linguagem mimimi, e tudo e tudo. Há quem me pergunte se tenho saudades das minhas filhas quando eram assim e eu respondo com toda a franqueza que não, não tenho. Fui uma mãe de duas bebés muito ansiosa, inquieta o que provavelmente não me deixou viver em pleno e sem ansiedade essa fase espantosa que é ter um bebé que carregámos dentro de nós durante meses, nos braços. Ainda hoje me espanto (e admiro) quando vejo casais com bebés ou com crianças muito pequenas que não deixam de lado aquilo que gostam de fazer (passear, viajar, etc.) com aquela tralha toda atrás, que estas crianças exigem. E espanta-me porque nunca consegui ser assim, preferia não ir, ficar sossegada em casa com elas, a ter que armar a tenda para as levar comigo. Também nunca pedi a ninguém (avós) para me ficarem com elas para sair só com o meu homem, a primeira vez que viajámos os dois, tinha a mais velha 10 anos e a outra 6. Mas, isto sou eu, cada um é livre de agir de acordo com a sua consciência, até porque quando temos filhos tendemos a esquecer-nos de nós enquanto mulheres e a negligenciar o namoro entre casal, o que é completamente errado, reconheço. 
No entanto, tenho umas saudades imensas daquele tempo em que elas começaram a andar e a falar, quando chamavam por mim, choravam por mim, passavam o dia agarradas à minha saia, quando eu chegava a casa do trabalho ou as ia buscar ao infantário ou à escola e os olhos delas brilhavam ao ver-me, quando não me respondiam torto, quando ainda não sabiam que um dia entrariam num armário e teriam certezas absolutas. 
E hoje continuo a ter tantas saudades, da mais velha que está a construir a sua vida tão longe de mim, da mais nova quando rejeita os meus beijos e se torna esquiva. 
Meus amores, tento respeitar a vossa personalidade e tratar-vos como as mulheres em que se tornaram, mas, no fundo de mim hão-de ser sempre pequeninas, se bem que hoje é o que interessa, sabe bem de vez em quando olhar o passado sem mágoa e sorrir.


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