quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

CARTA AO PAI NATAL

Inspirada pela M. J., e já com idade para ter juízo, aqui escrevo a minha primeira carta ao Pai Natal.


Leiria, 17 de Dezembro de 2015

Exmo. Sr.

Pai Natal, deves estranhar esta minha missiva ao fim destes anos todos. Deves ter sentido a minha falta – falta das minhas palavras -, mas sabes que isto da vida real é uma gaita e tu para mim não passas dum velhinho cutchi cutchi fraudulento, mas hoje em dia, quem liga a fraudes? Ninguém, até lhes dão tempo de antena.

Ficas a saber que na minha infância quem dava os presentes era o Menino Jesus, que saía das palhinhas todo nu, para dar alegria às criancinhas como eu, isto até ao dia, em que não preguei olho toda a noite para o ver chegar e vi a minha mãe ir colocar a prenda no sapatinho, ainda pensei: querem lá ver que afinal não sou filha única e o Menino Jesus é meu irmão, e que hoje em vez dele mandou a mãe, que por acaso também é a minha!

Imagino que hoje em dia tenhas muito menos trabalho, porque além dos miúdos estarem mais exigentes, tens os hipermercados e as lojas dos chineses para te abasteceres, portanto é só facilidades, e aposto que já andas de BMW e vendeste as renas para abate no matadouro.

E quanto a impostos, hein?? Tudo declarado nas finanças, descontos para a segurança social, ou pensas tu que por seres idoso e com anos e anos de trabalho, estás isento? Reforma? E dinheiro para ela? Mas, estás à vontade, tens mais de 66 anos, a mim não fazes falta nenhuma e as criancinhas seriam adultos mais ajuizados, se não lhes andassem a triturar os miolos com estas tretas.

Pois meu caro, como vês, nunca acreditei em ti, que eu sou esperta que nem um alho, e se tenho traumas, está descansado que não é a ti que os devo.
Se precisar de alguma coisa, também sei onde ficam os bazares Limpópó, sabes lá tu daquilo que eu gosto e preciso?

Ho Ho Ho, também para ti.

Magui


Sem comentários:

Enviar um comentário