quarta-feira, 7 de outubro de 2015

ERA UMA VEZ UMA BONECA

Quando era criança, tive uma boneca de porcelana, cabelo louro, vestido azul de veludo, com renda nos punhos e sapatos pretos. Tinha sido oferecida à minha mãe pelo seu padrinho, pessoa pela qual a minha mãe tinha grande estima e possivelmente a única boneca que teve.
Ora eu como filha única, herdei a tal boneca, que passou para o meu quarto.
Erro crasso da minha mãe! Porque eu tinha pela boneca verdadeiro pânico. Hoje, há distância de muitos anos, reconheço a sua beleza e lembro-me perfeitamente dela, (se bem que nunca mais gostei de tal coisa).
Mas, na altura, os meus olhos de criança, viam qualquer coisa de anormal  e estranho naquela cara, que parecia verdadeira, com uns olhos muito grandes a olharem para mim, com um sorriso, é certo, mas que não me convencia. Quando à noite me deitava, deixava-a longe da cama, de barriga para baixo.
Durante muito tempo fomos companheiras de quarto, porque de brincadeira, raras vezes. 
Até que um dia ..., não sei o que me passou pela cabeça, dei-lhe uma pantufada e estraguei-a, a cara ficou tipo bolacha, a cabeça soltou-se do corpo, e eu fiquei aliviada, até a minha mãe descobrir ...
Sei que há pessoas que fazem colecção dessas bonecas, mas para mim aquilo é bizarro, esquisito, há ali qualquer coisa de enigmático, pela qual sinto fobia.

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