terça-feira, 14 de julho de 2015

"A VIDA É TÃO SIMPLES QUE NINGUÉM A ENTENDE"

Gosto de ler, sempre gostei, já li mais, não sou do tipo de devorar livros, nem é por falta de tempo, obviamente que não se consegue fazer tudo o que queremos, mas com uma boa gestão, temos sempre um bocadinho para aquilo de que gostamos, para o que nos faz sentir bem.
Antes de ler um livro, gosto de o folhear e passar os olhos por uma página ou duas, se tiver um pequeno resumo, melhor ainda, e quando chego a meio da leitura, faço um esforço tremendo para não ler o fim, mas, gosto principalmente que logo de inicio o livro me prenda, pode ser um excelente livro, no entanto se não gostar das primeiras páginas, levo tempo a lê-lo, até ao ponto em que sou surpreendida ou fico rendida até ao fim.
Como tal, se leio um livro de determinado autor e gosto, tento ler o conjunto da sua obra, e neste momento o meu autor é Mia Couto. Não conheço de todo a pessoa que ele é, sei que é biólogo de formação, mas para mim é escritor e poeta de coração. Tem uma escrita criativa, diferente, a oralidade é absolutamente fabulosa, às vezes cómica, comparo os seus livros a uma pauta de música que se transforma em sons harmoniosos.
Mia Couto consegue que o leitor - eu - observe a imensidão de Moçambique e as suas cores, sinta os seus cheiros, conheça o seu povo e, numa tentativa prazenteira, deixo-me transportar para a narrativa, fazendo parte daquela terra e daquelas gentes.
O título deste post, é duma das personagens do escritor, neste caso Zeca Perpétuo, do livro Mar me quer, que logo no início diz:
Sou feliz só por preguiça. A infelicidade dá uma trabalheira pior que doença: é preciso entrar e sair dela, afastar os que nos querem consolar, aceitar pêsames por uma porção da alma que nem chegou a falecer.”

Ilustração do livro Mar me quer, por João Nasi Pereira

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