Chegar a casa depois dum dia de trabalho, percorrê-la e só encontrar silêncio. Não pensar no jantar, só para mim qualquer coisa se arranja, mesmo a desoras. Fazer alguma coisa ou simplesmente não fazer nada, não ser interrompida pelo marido ou filhas, nem ter que chamar a atenção para nada. Ler um livro, ver televisão no programa que me apetece ou simplesmente ouvir música, fazer uma caminhada sem pressa, com o vento a tocar-me o corpo, voltar a casa, o mesmo silêncio, as mesmas ausências.
Sair desta rotina por alguns dias sabe bem, estar sozinha, pôr os pensamentos em ordem é bom ... porque sei que é temporário, que no dia seguinte ou no outro eles voltam, os meus voltam, as minhas pessoas.
E mesmo não sendo perfeito,("Não há famílias perfeitas", Marta Gautier), é o meu oxigénio, alimento-me do carinho e do amor deles, a sua presença enche-me o coração, sou - tento pelo menos - uma pessoa melhor quando os tenho perto de mim.
Começa a mesma rotina, mas não faz mal, viver apenas em volta de mim é enfadonho, seca-me.
Um dia, algum de nós estará irremediavelmente sozinho, ... não agora.
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