segunda-feira, 19 de junho de 2017

"E TER DE SUBIR A ENCOSTA PARA A PODER DESCER. E TER DE VENCER O VENTO. E TER DE LUTAR" *

Ontem de manhã, a minha casa, a minha rua que dista cerca de 100 km de Pedrógão Grande era um mar de cinza. 
Oiço nos noticiários, nos comentários que desta vez não foi fogo posto, foi um acto da natureza.
Até para o horror conseguimos arranjar desculpa.
Para quando um plano de prevenção eficaz?
Para quando plena coordenação entre todas as entidades que operam no terreno nestes casos? Para quando legislação com mão pesada para todos aqueles que não limpam os seus terrenos? Para quando ser o Estado a dar este exemplo? A limpar florestas e pinhais, bermas de estradas, a criar aceiros e cursos de água, zelando pela sua preservação ao longo de todo o ano.
Quantos cidadãos deste país que estão presos ou a receber subsídios mínimos e sociais de integração, que são recursos humanos válidos para fazer este trabalho? 
E todos nós, porque não nos unimos por esta causa e pomos as mãos no terreno, limpando as áreas que ficam perto da nossa zona de residência?
Para quando um governo com coragem suficiente para interditar empresas privadas de combate aos fogos, assumindo o Estado essa função, com aquisição de meios materiais e humanos com resposta imediata a estes flagelos que possa minimizar danos?

Por que não se fecharam estradas no Sábado, onde tanta gente morreu dentro de carros?

Esta, não é a tragédia de Pedrógão Grande, é a tragédia dum país inteiro, que durante 8 meses assobia para o lado e nos outros 4 se transforma num inferno, sem que sejam apuradas responsabilidades.

Não tenho palavras para dirigir a quem perdeu família, amigos, uma vida de trabalho. Só posso dizer que essa dor também é minha.

Os Bombeiros Voluntários têm em curso a campanha Garrafa solidária. Adiram com a entrega nos quartéis de garrafas de água de 25 e 33cl. 
É o mínimo que podemos fazer.

(Não basta a tragédia em si, o choque, a revolta, a impotência, ainda temos que ser confrontados com a imbecilidade das reportagens de televisão junto de corpos das vítimas.)

 * Título deste post pertence ao poema Complicação de Mário Dionísio



8 comentários:

  1. Um horror sem hora prevista. Houve avisos de temperaturas quentes. Não sei se houve avisos atempados dos incêndios. Tudo se pode dizer depois da tragédia. Pouco se faz para as prevenir. Nisso concordo.

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    1. Seja por mão criminosa ou acidental, todos os anos assistimos a esta tragédia e a prevenção continua a ser a mesma, nenhuma.

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  2. Sem explicações... que desgraça :(

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    1. Infelizmente sem explicações, quando há tanto por explicar ...

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  3. O país ficou chocado com a tragédia e com a recorrência destes cenários no país sem nada seja feito.

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    1. Todos os anos o mesmo choque, parece um filme de terror que não tem fim.

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  4. Pequeno caso sério20 junho, 2017

    Tudo o que tenho visto a acontecer só me deixa ainda mais doente.
    Todos os anos é esta vergonha.Poupa-se nos guardas florestais, nos drones e na fiscalização para depois se gastar em dobro (durante várias gerações) para remediar o mal. Não se percebe...

    Há uns anos passei por uma situação com fogo. Não foi um décimo do que se passou agora mas posso-te garantir que deixou sequelas de tal maneira fortes que ver/ouvir estas coisas desencadeia em mim coisas que me esforço por esquecer...
    O fogo é uma coisa da qual tenho pavor...
    :(

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  5. Infelizmente também já assisti a um fogo, perto da habitação de uns familiares. Não há palavras que descrevam esse horror.
    Fico completamente fora de mim com estas mortes trágicas que se podiam evitar.
    Evito ver os noticiários, com os repórteres a fazerem perguntas do tipo "Então como se sente?". Completamente acéfala, está gente.


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