Li uma notícia que refere que séries televisivas como Anatomia de Grey e New Amsterdam, que são passadas em ambiente hospitalar continuam a conquistar os portugueses.
É fácil de perceber.
Aquilo é tudo com que os portugueses sonham, e não me refiro a sangue, tripas, viroses, bactérias, drenos, infecções, congestões...
O que a malta quer é chegar ao hospital e ser atendida, assim na loucura, em 30 minutos, com toda uma equipa médica a estudar o seu caso, com médicos a interessarem-se não só em tratar a doença, mas também - pasme-se - a tratarem o doente como um ser humano que merece cuidados e carinho.
Conseguem visualizar a coisa aí no hospital da vossa zona?
Já vejo o brilho nos vossos olhos, caramba.
´tão a ver, não ser necessário requerer por escrito numa folha timbrada de 25 linhas, para que o(a) senhor(a) doutor(a) vos dispense 5 minutos do seu tempo para informar se vocês ou algum familiar vão quinar nos entretantos ou se ainda há esperança para viver até ao término da Operação Marquês.
Não comecem já a babar, isto ainda vai melhorar.
Precisam de uma cirurgia urgente? Qual quê esperar meses, anos por ela, çagora!
Comecem a fechar as pálpebras que já estão a afiar a faca e tarda nada estão a acordar numa enfermaria fofinha, onde vos servem uma refeição que a Chef Ermelinda confeccionou na cozinha imaculada do hospital, nada como um restaurante que havia aqui à minha beira onde, segundo consta, o proprietário cuspia no frango que estava a assar para acalmar a brasa.
Não bastando tanta atenção que até nos põe a ver unicórnios, esta malta dos hospitais é toda linda comóamores e não há cá auxiliares carrancudos, não senhores, quem nos coloca a arrastadeira é o médico himself ou himselfa.
E os corredores dos serviços de urgência? Olhem práquilo, nem uma maca, nada, tudo despachado, inté dá gosto de ver.
O Usain Bolt podia perfeitamente treinar por ali.
Calma. Não precisam de gritar, temos bons profissionais e a culpa é do sistema.
Atão e o sistema não somos nós que o permitimos?
Vamos, mazé, continuar a ver a Grey e o Amsterdam para acalmar os nerves, que a erosão costeira impede-nos de enterrar a cabeça na areia.