são como a galinha da vizinha, mais gordas.
Mais penosas, mais negras, mais insuportáveis, pelo simples facto de serem minhas.
Esta gripe que me atacou e meteu na cama, ninguém a sente como eu.
As dores nas articulações, a tosse que me queima os pulmões, o medo que a febre volte em força, o tremer de frio assim como de repente ficar com calor como se estivessem 30 graus à sombra, ninguém vivencia como eu.
O meu primo cujo funeral decorre neste momento do outro lado do Atlântico, sinto-o de forma diferente. É o meu pesar, o meu sentir mais negro.
O meu primo, cujo funeral se realiza (se a memória não me atraiçoa) precisamente dez anos depois do funeral de uma outra prima, na flor da idade. É a minha dor, diferente das demais.
O meu primo que faleceu com a mesma doença, no mesmo órgão, que vitimou o irmão.
Há coincidências ou não?
A lembrança de todos os outros primos que partiram tão cedo.
De que fibra somos feitos nós, que somos tantos?
Hoje, carrego comigo todas as minhas dores, tão profundas, porque são minhas.
Este não é um post sobre a morte, é sobre a vida, sobre a sensibilidade, a fragilidade, o egoísmo, o choro, o medo, a afectividade, de que ainda sou capaz.